Artigo

NEGOCIANDO COM A MORTE


Dizem: “Fizemos um acordo para enganar a morte, uma negociação para evitar a sepultura. A destruição que se aproxima jamais nos tocará, pois construímos um forte refúgio feito de mentiras e engano”. Isaías 28.15

Ao longo da história da humanidade, muitos ditos, frases, afirmações marcaram épocas e influenciaram a mente, os pensamentos e, por assim dizer, as ações das pessoas também. Filósofos, pensadores, escritores, mestres. O maior de todos, sem medo de errar, foi Jesus. Disse Jesus: “Examinais as Escrituras, porque julgais ter nelas a vida eterna, e são elas mesmas que testificam de mim” (João 5.39 – Versão Atualizada). Ou ainda: “Aquele de vocês que nunca pecou atire a primeira pedra” (João 8.7- NVT).

No capítulo 28 de Isaías, o alvo da mensagem profética é a cidade de Samaria (capital do Reino do Norte em Israel, cujos habitantes foram levados cativos pela Assíria em 722 A.C). Como sempre, o profeta destaca os problemas morais e espirituais da cidade (no caso sem ênfase na questão da idolatria). Mas duas questões importantes são levantadas: Primeiro, o orgulho de Samaria e, segundo a influência negativa do vinho (no contexto fica claro o exagero no uso da bebida). Isso aparece logo no primeiro verso: “Que aflição espera a orgulhosa cidade de Samaria, a coroa gloriosa dos bêbados de Israel! Fica na parte alta de um vale fértil, mas sua beleza gloriosa murchará como uma flor. Ela é o orgulho de um povo que o vinho derrubou (Isaías 28.1). Ser chamada de “coroa gloriosa dos bêbados em Israel” é pesado!

O profeta diz que o vinho derrubou toda uma nação, nem mesmo os profetas escaparam da influencia perigosa do vinho em demasia – “Os sacerdotes e os profetas cambaleiam por causa da bebida forte e ficam tontos por causa do vinho. Vacilam quando têm visões e cambaleiam quando pronunciam suas decisões” (Isaías 28.7).

Havia um questionamento do povo sobre a maneira e forma didática que o Senhor falava com a nação, como se Deus repetisse sempre a mesma coisa (com relação ao juízo que viria), sem, contudo, cumprir sua execução. Daí o profeta responde: “Agora o Senhor terá de falar a seu povo por meio de opressores estrangeiros de língua estranha” (Isaías 28.11).

Entre o orgulho da nação e sua realidade moral decadente, com prenúncios proféticos insistentes sobre o juízo que viria, surgiu um dito entre o povo e destacado por Isaías - Dizem: “Fizemos um acordo para enganar a morte, uma negociação para evitar a sepultura”. Interessante, nestes dias ouvi uma palestra e um participante do auditório testemunhou que, diante de uma enfermidade mortal, na busca da cura, houve uma aproximação afetiva com a família como nunca antes. Sendo assim, buscando o tratamento e a fé, disse à “morte”: agora que estou bem com a minha família, vamos fazer um acordo, deixa-me viver mais tempo!

Na verdade, tudo o que  seja possível fazer para driblar a morte e permanecer com vida, será sempre o alvo da maioria;  a não ser os que, cansados e desanimados (seja pela idade, lutas, enfermidades físicas ou emocionais, problemas familiares ou financeiros), apelam para o fim rápido, pensando, por vezes, sem confirmações práticas, que a morte aponta para o fim total dos sofrimentos. Tais pessoas não se preocupam com a eternidade, o que, provavelmente, reflete o estado da alma ainda ligado a este corpo mortal.

Na sequência, o profeta aponta a falsa confiança e expectativa das pessoas: “A destruição que se aproxima jamais nos tocará, pois construímos um forte refúgio feito de mentiras e engano”. Incrível, parece que estamos vivendo nesses dias, quando a COVID 19 abala todas as nações. Quando tantas pessoas e líderes são capazes de subestimar os efeitos avassaladores dessa pandemia.

Buscamos o refúgio na proteção de nossas casas, no álcool gel, nas mascaras para o rosto, no lavar frenético das mãos, na busca desesperada por uma vacina e pensamos: “isso não vai acontecer comigo!” A morte não vai me atingir, nem mesmo se for contaminado; no meu caso será como apenas uma gripe”.

Podemos “negociar” com a morte várias vezes, evitando um acidente fatal, buscando socorro médico nas enfermidades, fazendo tratamentos e operações salvadoras; contudo, um dia ela virá, baterá em nossa porta, queiramos ou não!

Diante da falsa esperança da nação, o profeta aponta então para uma verdadeira esperança: Por isso, assim diz o Senhor Soberano: “Vejam, ponho em Sião uma pedra angular, uma pedra firme e testada! É uma pedra angular preciosa, sobre a qual se pode construir com segurança; quem crer jamais será abalado” (Isaías 28.16).  O apóstolo Pedro, posteriormente, testemunha a respeito dessa pedra citada por Isaías, deixando claro que se tratava da pessoa de Jesus Cristo (I Pedro 2.6).

Aplicação:

Em Jesus, sim, a vitória tão desejada sobre a morte se concretiza, na ressurreição, na ascensão e na promessa de voltar para buscar sua Igreja. “Na casa de meu Pai há muitas moradas. Se não fosse assim, eu lhes teria dito. Vou preparar lugar para vocês 3. e, quando tudo estiver pronto, virei buscá-los, para que estejam sempre comigo, onde eu estiver” (João 14:2,3).

Nós, pastores, temos o privilégio e a oportunidade de anunciar essa Boa Nova de Salvação. Façamos isso com esmero e alegria, e que Deus seja louvado!

Pr. Roberto Monteiro de Castro

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 21/10/2022