Artigo

DESERTO OU OASIS? 


"... e entrou no deserto, caminhando um dia. Chegou a um pé de giesta, sentou-se debaixo dele e orou, pedindo a morte. Já tive o bastante, Senhor. Tira a minha vida; não sou melhor do que os meus antepassados." (1 Reis 19.4) 

"Pai, se queres, afasta de mim este cálice; contudo, não seja feita a minha vontade, mas a tua. Apareceu-lhe então um anjo do céu que o fortalecia”. (Lucas 22.42,43) 

Ao escrever um artigo no espaço reservado à UMBI, onde não só pastores, mas outros irmãos acompanham o texto, sempre pensamos em expressar uma mensagem positiva e animadora. Temos muitos motivos para louvar a Deus por sua fidelidade e cuidado com nossas vidas e ministérios. Sabemos também a quem recorrer (a Ele) nas horas de lutas e angústias, clamando a quem pode nos socorrer. 


A vida vai nos apresentar momentos, dias de deserto, em que tudo parece mais difícil e a alegria da vida e trabalho perde um pouco do brilho. Isso acontece com pastores, obreiros e irmãos em Cristo. Isso aconteceu com o profeta Elias e com o homem Jesus. 


O que passamos no deserto?

Primeiro, a sensação de estarmos sozinhos. Há uma verdade cruel na vida: "quem não se mostra não é visto". O deserto emocional, espiritual tem um poder de nos isolar. Não queremos ver ninguém e nem participar de eventos etc. Jesus sentiu-se sozinho quando orava no Getsêmani. Ainda que os discípulos mais íntimos estivessem ao seu redor, dormiam pelo cansaço e tristeza.


Elias também, cansado de enfrentar a rebeldia do povo ao Deus de Israel e, principalmente, de Acabe e Jezabel, pensou que seria melhor encerrar suas atividades ministeriais e descansar o sono dos justos. Veja um detalhe interessante, no caso de Jesus e Elias o deserto nada tinha a ver com o pecado, mas com as lutas naturais da vida e implicações inerentes do ministério.


Pastores sentem-se sós. Irmãos de igrejas sentem-se sós. Missionários nos campos sentem-se sós. É difícil. É o deserto. Para este problema existe um remédio simples: "Congregar". "Não deixemos de reunir-nos como igreja, segundo o costume de alguns, mas encorajemo-nos uns aos outros, ainda mais quando vocês veem que se aproxima o Dia”. (Hebreus 10.25) Irmão, pastor, obreiro, não deixe a comunhão dos santos, persevere, mesmo sem vontade, faça todo esforça para viver a koinonia. É no congregar que podemos encorajar uns aos outros.

 
O deserto também é um tempo de tratamento. O calor de dia e o frio à noite treinam a pessoa a viver nos limites. Ausência de água, tempestade de areia, dificuldade para transitar. Quantos exemplos na Bíblia de pessoas que enfrentaram seus "desertos?" Jó, perdeu família, bens e saúde; Jonas, perdeu a liberdade ao 
encontrar-se no ventre do grande peixe; Davi, pecou, realizando um senso. Homens que expressaram suas angústias e alegrias ao ver a mão do Senhor restaurando suas vidas.

 
Por fim é sempre bom pensar que no meio do deserto pode haver um oásis. Vamos recordar o português? Oásis é um substantivo masculino de dois números. 1. pequena região fértil em pleno deserto, graças à presença de água. 2. fig. coisa, local ou situação que, em um meio hostil ou numa sequência de situações desagradáveis, proporciona prazer. 


Podemos, com certeza, dizer que a água de nosso oásis é o Espírito Santo. 
"Quem crer em mim, como diz a Escritura, do seu interior fluirão rios de água viva". Ele estava se referindo ao Espírito, que mais tarde receberiam os que nele cressem. Até então o Espírito ainda não tinha sido dado, pois Jesus ainda não fora glorificado.” (João 7.38,39) Deixe o Espírito Santo de Deus envolver você totalmente com Sua presença. Ele trará em sua vida a alegria do Senhor (Gl 5.22). Busque a Deus, sempre, em oração. "A oração é a respiração do cristão." Mas é importante destacar também que o auxílio divino pode ser acompanhado do serviço angelical. Tanto Elias, como Jesus, foram visitados, consolados e encorajados por anjos.

 
Não quero fazer nenhuma teologia especial destes eventos, a não ser ter a certeza de que Deus está conosco e não nos desampara jamais. Quando nos sentirmos no deserto da solidão, das enfermidades, das lutas financeiras, do desemprego, dos conflitos familiares e na igreja, saibamos que o Senhor Deus nos ama e está no controle de todas as coisas. Vamos confiar e nunca desanimar, pois o Senhor é o nosso refúgio e fortaleza, auxílio sempre presente na adversidade (Sl 46.1). Aleluia! Entre o deserto e o oásis existe o equilíbrio, necessário para vivermos uma vida cristã saudável.


Num desses dias, conversando com uma jovem senhora, descobri que é viúva e tem dois filhos. Ela, filha de pastores de uma igreja evangélica, casou com 17 anos com um crente. Com o tempo ele se envolveu com o consumo e tráfico de drogas, o que o levou à morte. Hoje, ela está fora da igreja. Pareceu-me que ela optou pelo oásis do mundo. Viver a vida, passear, se arrumar e curtir festas. Na verdade, é muito melhor o deserto na igreja do que o oásis do mundo. Que Deus nos ajude e nos abençoe! 
Amém! 

 

 

DATA DA ATUALIZAÇÃO: 21/10/2022