A DOR
“O rei ficou muito abalado. Foi para o quarto que ficava sobre o portão da cidade e começou a chorar. Andando de um lado para o outro, clamava: “Ah, meu filho Absalão! Meu filho, meu filho Absalão! Quem me dera eu tivesse morrido em seu lugar! Ah, Absalão, meu filho, meu filho!”. 2 Samuel 18.33
A queda trouxe à Adão e Eva um agravamento de um sentimento da humanidade: A DOR! Por exemplo, após o ocorrido, Deus disse a Eva – “Farei mais intensas as dores de sua gravidez, e com dor você dará à luz. Seu desejo será para seu marido, e ele a dominará” (Gênesis 3.16). Mas eles sentiriam uma dor diferente, daquelas que rasga o coração e alma, quando um de seus filhos Caim, matou seu próprio irmão Abel. Então, Adão e Eva tiveram a dimensão real sobre a dor que a morte proporciona.
Ainda sobre a dor: existem muitas conhecidas, mas não desejadas. Dor de dente, pedras no rim, dor de parto, dores de diversas enfermidades, inclusive pacientes terminais acometidos de câncer. Hoje, (28/06/ 2020), mais de 57.000 mil brasileiros morreram por causa do COVID 19. Uma morte causada por problemas de infecções ou inflamações pulmonares, levando as pessoas ficarem com falta de ar, cujo resultado em muitas vezes, é a impossibilidade de recuperação do enfermo.
Mas há uma dor que se torna mais agravante no coração e na alma de uma pessoa que é a morte de um filho, de uma filha. É sobre isso que o texto de segundo Samuel nos mostra. Davi, ao receber a notícia de que seu filho Absalão estava morto ficou profundamente abalado. Aqui Davi foi simplesmente pai. Esqueceu-se de muitas coisas. De que era rei. De que Absalão, seu próprio filho, queria tomar seu reino. De que seus sodados fieis foram guerrear para defender seu reinado, etc. O que estava em pauta era o sofrimento de um pai, que apesar de tudo amava seu filho. Seu desespero foi tão grande que chegou a afirmar: “Quem me dera eu tivesse morrido em seu lugar”!
Absalão morreu em combate de guerra. Sansão morreu defendendo Israel e se vingando de seus olhos furados pelos filisteus (Jz 16.30). Estevão morreu apedrejado por seus algozes que não suportaram ouvi-lo anunciar as boas novas de salvação e exaltar o nome do Senhor Jesus (Atos 7.58). Judas enforcou-se (Mateus 27.5). Herodes foi comido por vermes ainda vivo por não dar glórias a Deus em um discurso real (Atos 12. 23).
Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde) -10 de set. de 2018 - a cada 40 segundos, uma pessoa se suicida no planeta. Esses dias, infelizmente, minha sobrinha de 34 anos teve o mesmo destino de tantas outras pessoas que já viveram conosco. Então, pensando na dor, ela tem um caminho de ida e volta. Ida porque foi a dor na alma que ela tinha, que a levou a essa decisão de não viver mais. Podemos entender alguém que esteja doente, com depressão e que está sofrendo uma dor intensa e devastadora? Pessoas assim enfermas precisam ser ajudadas, precisam buscar auxílio médico, espiritual, psicológico. Todos que rodeiam uma pessoa assim e percebem as suas dificuldades precisam se unir ao socorro (detalhe – os pais de minha sobrinha fizeram tudo o que estava ao alcance). O caminho de vinda da dor está nos corações de todos que conheciam e conviveram com o (a) suicida, a começar pelos pais. Essa dor precisa ser respeitada, essas pessoas precisam ser acolhidas em amor, nossas orações precisam criar uma teia de proteção emocional.
O que verdadeiramente nos consola e nos coloca no mesmo patamar de sofrimento como o Altíssimo é que Deus Pai sofreu essa dor ao ver seu Filho unigênito sendo cravado na cruz do calvário. Jesus teve grande dor e sofrimento – “Foi desprezado e rejeitado, homem de dores, que conhece o sofrimento mais profundo” (Isaías 53.3). Não dá para mensurar o tamanho da dor de Jesus e do Pai também. Assim acontece com cada pai e mãe, especialmente quando uma morte trágica abate esse lar.
APLICAÇÃO
Vamos ter compaixão e estender a mão aos que sofrem essa dor? Como pastores, Deus nos dá oportunidade de ajudar, consolar, fortalecer famílias que viveram está amaga experiência. Que o Senhor nos socorra em seu imenso amor.
Pr. Roberto Monteiro de Castro